sexta-feira, 23 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Venha tomar um drink aqui em casa

Um pouquinho da minha história



Era uma vez uma Baratinha
Varrendo a casa achou um vintém
Comprou uma fita amarrou no cabelo
E foi a janela cantar assim:

Quem quer casar
Com a senhora Baratinha
Que tem fita no cabelo
E dinheiro na caixinha

É carinhosa e quem
Com ela se casar
Terá doces todo dia
No almoço e no jantar

Passem passem cavalheiros
Passem todos sem faltar
Que o mais belo com certeza
Minha mão irá ganhar

Naquele momento
Com passo lento
E bem pachorrento
Passou um boi

Boizinho que vai passando
Quer comigo se casar?

Ó tão linda senhorita
Quem rejeita desposar?

Sou porém muito sensível
E medo tudo me trás
Diga primeiro boizinho
Como é que você faz?

Moooooooooooooooo

Deus me livre de tal noivo
Mogindo desta maneira
Terei sustos todo dia
Terei medo a noite inteira

E assim lá se foi desiludido
O pobre boi
Logo atrás filosofando
Vinha um burrinho passando

Burrinho que vai passando
Quer comigo se casar?

Ó tão linda senhorita
Quem rejeita desposar?

Sou porém muito sensível
E medo tudo me trás
Diga primeiro burrinho
Como é que você faz?

Inhoo inhooo inhooooooooo

Deus me livre de tal noivo
Zurrando desta maneira
Terei sustos todo dia
Terei medo a noite inteira

Triste de orelha tombada
Lá se foi nosso burrinho
Se afastando pela estrada
Mas logo depois saltando
Vinha um cabrito passando

Cabritinho bonitinho
Quer comigo se casar?

Ó tão linda senhorita
Quem rejeita desposar

Sou porém muito sensível
E medo tudo me trás
Diga primeiro querido
Como é que você faz?

Béééérrrr bééééerrrr bééééérrrr

Deus me livre de tal noivo
berrando desta maneira
Terei sustos todo dia
Terei medo a noite inteira

Tristonho pelo caminho
Lá se foi o cabritinho

Já estava desanimando
A senhora Baratinha
Quando passou garboso
E pimpão o Dr. João Ratão

Ratinho que vai passando
Quer comigo se casar?

Ó tão linda senhorita
Quem rejeita desposar?

Sou porém muito sensível
E medo tudo me trás
Diga primeiro ratinho
Como é que você faz?

tzzz tzzzz tzzz tzzzzzzzz

Isso sim que é voz bonita
Não pode assustar ninguém
Até que afinal achei
Um noivo que me convém

E pouco tempo depois
Com grande satisfação
Recebia a bicharada
Esta participação

Na matriz do Rancho Velho
Dia sete casarão
A Senhora Baratinha
E o Dr. João Ratão

A sua amável presença
Será muito apreciada
Pode trazer os amigos
E também a criançada
Porque depois do casório
Vai haver festa animada
Sendo servido aos convivas
Uma larga feijoada

Ah! Maldita feijoada
O motivo a tentação
Que transformou toda a vida
Do Dr. João Ratão

Eu vou contar a vocês
O que foi que sucedeu
Na manhã do casório
O mestre macaco
Que é o rei da cozinha
Botou mãos a obra
Comprou no mercado
Feijão, carne seca,
Lingüiça mineira e toicinho de sobra

Com seus ajudantes
Uns dez macaquinhos
Lavou a panela, ascendeu o fogão
E para o trabalho correr mais depressa
Cantaram em coro esta linda canção

Abana o fogo macacada abana o fogo
Abana bem bota a panela no fogão
Esta na hora de aprontar a feijoada
Para o banquete do Dr. João Ratão

Abana o fogo macacada abana o fogo
Abana bem bota a panela no fogão
Esta na hora de aprontar a feijoada
Para o banquete do Dr. João Ratão

Feijão carne seca, lingüiça mineira
Orelha de porco pra dar e vender
Toicinho fresquinho toicinho gostoso
Toicinho cheiroso pra gente comer
Toicinho cheiroso pra gente comer
Toicinho cheiroso pra gente comer
Toicinho cheiroso pra gente comer
Toicinho cheiroso pra gente comer

O noivo naquele instante
No seu belo apartamento
Dormia e sonhava ainda
Com a hora do casamento

Mas aquela melodia
Crescendo qual furacão
Entrou pelo apartamento do Dr. João Ratão
Entrou pelo apartamento
Entrou pelo seus ouvidos
E tomou conta a malvada
De todos os seus sentidos

Foi assim que começou
Seu terrível tormento
Pois aquela cantoria
Ali no mesmo momento
Dividiu em duas partes
Seu aflito pensamento

Uma ficou com o toicinho
E a outra com o casamento
Mas a idéia do toicinho
Cresceu em sua caixola
Tanto cresceu
Que acabou dando lhe tratos a bola

Tomou formas variadas
De uma roda
De um canudo
De uma nuvem
De uma onda
E tomou conta de tudo

Entretanto a outra idéia
A idéia do casamento
Foi minguando, foi minguando
Fugiu do seu pensamento

Enquanto isso a Baratinha
Bem feliz de sua vida
Se aprontava sem saber
O que estava sendo esquecido

As sete damas de honra
Vestidas de cor de rosa
Comentavam:
Que lindeza!
Como vai ficar formosa!

E vestindo com carinho
A senhora Baratinha
Cheinhas de entusiasmo
Cantavam esta modinha

Vejam só que formosura
Bem no dia do noivado
A senhora Baratinha
Com seu vestido rendado
Com seu véu de sete metros
Sapatinhos de cetim
Seu corpinho perfumado
Com essência de jasmim
Virão todos certamente
Quando a virem tão faceira
Cheira mais do que a grinalda
De flores de laranjeira

Em dias de festa o tempo voa
Passa num momento
E logo chegou a hora marcada
Pro casamento

Numa linda carruagem
Forrada de azul turquesa
Lá se foi a Baratinha
Era mesmo uma beleza!

Ao seu lado repimpado
parecendo um general
Ia garboso o padrinho
O Papagaio Real

Mas atrás em grande fila
Em cem carros enfeitados
Vinham parentes, amigos
E o resto dos convidados

Só não vinha no cortejo
O Dr. João Ratão

Porque como era costume
Em tempos que já lá vão
O noivo e sua madrinha
Deveriam esperar a noiva
Com seu padrinho
Desde cedo ao pé do altar

Mas ao chegar
A baratinha notou
Cheia de aflição
Que não havia chegado
O Dr. João Ratão

A velha Dona araponga
Não o vendo ao pé do altar
Cochichou com a Maritaca:

Será que ele vai faltar?

De fato o tempo passava
E nada de João Ratão

Começou o falatório
Começou a confusão
E depois de várias horas
Daquela lenta agonia
Mandaram três urubus
Para saber o que havia

E alguns minutos depois
De uma carreira tremenda
Os três urubus voltaram com
Essa notícia horrenda

João Ratão caiu
Na panela do feijão
Ooooooooo
João Ratão caiu
Na panela do feijão

Sim meus caros amiguinhos
O Dr. João Ratão havia mesmo
Caído na panela do feijão

Foi no instante da partida
Quando o carro já se afastava
Dona Cotia ao seu lado
Muito alegre palestrava

Quando o cheiro do toicinho
Fugindo do caldeirão
Penetrou pelas narinas
Do Dr. João Ratão

Pediu então ao cocheiro
Que parasse um só momento
Dizendo haver esquecido
As luvas no apartamento

Voltou em disparada
Mas desviou seu caminho
Para o local de onde vinha
O perfume do toicinho

Subiu em uma cadeira
Quis saltar sobre o fogão
Mas errou o pulo e bumba!
Caiu dentro do feijão

Mestre Macaco chegava
Muito aflito vendo aquilo
Largou dez pratos no chão
E correu para acudi-lo

Com dois garfos
Suspendeu pelo rabo o João Ratão
Que saiu todo pelado
Sujo pingando feijão

Vejam só meus amiguinhos
Quanto mal o vício faz
A gula modificou toda a vida do rapaz

João Ratão que era belo
É hoje um rato nojento
Não perdeu por sorte a vida
Mas perdeu um bom casamento

E quem hoje em dia passa
Por aquela casa antiga
Ainda avista a baratinha
Repetindo esta cantiga

Quem quer casar
com a Senhora Baratinha

Que tem fita no cabelo
E dinheiro na caixinha

P.S.: Isso foi nos anos 70. Hoje, Donna Baratinha continua solteira. Com seu dinheiro promove festinhas de embalo em sua mansão regadas a champagne, caviar e substâncias suspeitas de baile.


terça-feira, 29 de abril de 2008